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segunda-feira, 9 de junho de 1997

RETRATO

Poucas semanas de vida

MOSCAVIDE

RETRATO



Deixa-me ser assim... tu que podes parar o tempo, lança teu feitiço com pozinhos surpreendentes à minha imagem fixa, deixa-me vivo nessa forma de vida, bebezinho com encantos sorrindo, frágil, puro, feliz no colo materno.

Deixa-me, peço-te!
Deixa-me ser assim pequenino, bebé eterno no meu retrato, vivendo no mundo sem antiguidades nem humanidades complicadas, onde só existe a foto da criatura naquele rosto de sorrisos, e aqueles olhinhos que querem dizer sem enganos… imitar a voz que conhece nos braços da sua protegida, a única palavra que ninguém lhe ensinou nem tradução necessita numa qualquer linguagem universal, sequer precisa que lhe diga alguém – envolto naqueles galhos ternurentos, que é amor doce de Mãe.

Deixa-me ser assim eternamente pequenino, viver no meu retrato, no carinho daquele peito aconchegado, no afecto envolto em abraços daquela voz melosa e quente… deixa-me peço-te!
Deixa-me ser como aquele retrato, sempre menino daquela idade, ser amado por entre beijos e calores humanos sem crescimentos de idades, com aquela felicidade daqueles dois sorrisos… viver o perpétuo, constante coração amado.

Deixa-me viver dentro do passado, tu que podes parar o tempo, embalsamado… nos braços do meu retrato.