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segunda-feira, 8 de março de 1999

O FUNERAL




/EM GOUVEIA/

O FUNERAL




Dentro de uma pequena igreja… assisti bem pertinho pela primeira vez, tal era a minha curiosidade, como era estar deitado dentro de um caixote bem trajado, fato preto e gravata, mãos cruzadas.

Pareceu-me ver as sobrancelhas tremer, os lábios querendo descerrar… ouvia alguém a gritar, mas o homem que dormia nem sinal de acordar. Ao aproximar meu rosto, o dele me parecia bem vivo, o meu da cor do falecido que o cheiro nauseabundo me causava, e no cérebro o grito, eco repetido – a voz do morto vivo.

Repugnante, confuso, fugia como podia, porque minha conclusão não tem atitude que sirva, com a idade de poucos anos numa mente em carga e olhos raio-X cheios de marcas.

 Se escutar consigo… causa tamanha desconheço, ver e ouvir… dá apenas para fugir.
E nunca mais quero ver assim moribundo, num caixote de madeira vestido naquele sobretudo… tal defunto.