/EM GOUVEIA/
O
FUNERAL
Dentro de
uma pequena igreja… assisti bem pertinho pela primeira vez, tal era a minha
curiosidade, como era estar deitado dentro de um caixote bem trajado, fato
preto e gravata, mãos cruzadas.
Pareceu-me
ver as sobrancelhas tremer, os lábios querendo descerrar… ouvia alguém a
gritar, mas o homem que dormia nem sinal de acordar. Ao aproximar meu rosto, o
dele me parecia bem vivo, o meu da cor do falecido que o cheiro nauseabundo me
causava, e no cérebro o grito, eco repetido – a voz do morto vivo.
Repugnante,
confuso, fugia como podia, porque minha conclusão não tem atitude que sirva,
com a idade de poucos anos numa mente em carga e olhos raio-X cheios de marcas.
Se
escutar consigo… causa tamanha desconheço, ver e ouvir… dá apenas para fugir.
E nunca mais
quero ver assim moribundo, num caixote de madeira vestido naquele sobretudo…
tal defunto.