SERES
IMPERFEITOS
Tudo que é bem negro… é como carvão transparente, não
é bom agouro de tão preto, tão destruída semente, mau presságio… donde virá tal
adágio?
Os passos que pairam no ar, ruins na passagem, não se
convencem da partida. Agem, discutem, querem permanecer, mas têm de recolher
teimosos à margem da actividade, entre o limiar do que é bestialidade e a
prisão do espaço ocupado, permanecendo num círculo infernal, num raio
determinado.
Duplo não
vivente dos lados, se esconde quem está acompanhado, fecha a cortina da janela…
sai do profundo da caverna, rasga eternamente os espaços, vem das trevas
loucamente secreto em agitado movimento… rasgado fundo do inferno.
Pretendem sair da penumbra inquieta, quietos à luz sol
da lua à sua espera, debaixo de um guarda-chuva, como aguarela diluída numa
pintura.
Tencionam deixar a escuridão, na qual foram criados,
mas não estão acostumados, por se misturarem disfarçados como vultos da
invenção… coisas suas tenebrosas…sombrios dentro
e por fora, zunindo entre
manchas voadoras - Tsé-Tsé de asas brancas como moscas… discutindo sonos por entre escuras vassouras, hibernando nos
labirintos de esgotos em sujas chaminés pecaminosamente imundos.
Vivos quando alguém repara… seus círculos e sons
terrivelmente esquisitos, sem braços nem semblante, com vestes ao vento como
fantasmas escuros, aflitos, e no lugar que serão olhos… mundos malditos.