/1984 - Propriedade e
vacas do Palhas/
EU NÃO TENHO OUTRA
À minha
maneira perdi a cabeça, bati com ela
nas estrelas...depois a tristeza, raiva das
perdas…e da perdida bebedeira.
Já tinha
bebido uma grade inteira e quase tudo
era cerveja.
Enfurecida a
amada da minha vida, por fugazes
amores que tive sem importância, repeti arrependido:
- Tu não acreditas?.
Disse com
expressão arrependida usada pelos inocentes:
- Juro, eu
não tenho outra!
Seu grito
sufocante rebentou como uma bomba. E do céu um
trevo da boca como um
fundo dum cume. Primeiro, em salivado azedume, depois
assassinando a raiva, saindo um
pouquinho de ódio e de
certeza, talvez ela saiba…que o ódio não passa assim que a modos como o amor seguido do ciúme.
Ao voltar a
mim… fiquei desaparecido no infinito. Não consegui sair de lá.
Disse :
- Sim,
arranjei o bonito!
Maldita a
hora em cima da mesa!... esqueci da
minha agenda...
Deambulando
pela noite, perdido, dei um passo atrás…não valeu de nada se fosse… no pasto,
ao pé dum boi atiro fora a vigésima bejeca de vidro indo junto com o arroto do
pifo, e fiquei eu a pastar nas ervas rodeado pelas poças das merdas…
cabisbaixo, de tanta cagadela e dor.
Muito
cagaram aquelas parvas!
E era tudo
caca de vacas.
Coisa que
brota fora… servo da
angústia perdida com coração
de som dilacerado fiquei com
cara de parvo!
Sem remédio,
vim-me embora. Depois,
talvez sem ver saída…
Que estava
eu à espera?
Meus olhos
quadruplicavam… cornos que
nunca mais acabavam!
E via tantos
à volta da minha cadela… dei um passo
pisando com a bota uma merda
que era uma bosta, enterrando
até aos tornozelos aquela
caganeira de grelos.
Furioso,
gritei como estava :
- Filhas da
puta das vacas!
Já não
bastava enganar uma?
Diga-se de
passagem que não era… e aparecia
estas grandessíssimas putas, borrando a quem nenhum mal fizera.
À minha
maneira perdi a cabeça, bati com ela
nas estrelas... depois a
tristeza, raiva das perdas…e da perdida bebedeira.
Fui-me
deitar a pensar nela… acordando
com o cheiro de tanta merda…