EXÉQUIAS DE MIM
Por vezes
apetece-me morrer no sentido figurado… ressuscitar… amar a vida e a
morte. Se desconheço a mim próprio, talvez desaparecendo me sinta mais
próximo daquilo que eu sou… e consiga desvendar a alma ao voltar de novo a esta
vida.
Estou só,
não faço falta a ninguém, a não ser nada a mim mesmo.
Que ironia a
minha desta outra volta, talvez seja mau para outros tentar vivendo nesta forma
lenta de ir morrendo… sem choros nem risos de histórias.
É como se
estivesse a ver o meu espírito antecipando a minha morte sem remorsos…
E depois,
claro está, ressuscito!
... quando
ninguém está à espera.
Antes... é o
desencanto dos segredos, a pena disfarçada, o traje a rigor no caixão, as crónicas dos familiares
e as larachas… o vão lamento de ter partido e o episódio final da
cova. Depois, o alívio dos que me rodeiam, um ou outro suspiro, o retomar
da vida.
A recordação
dos que me amam fica gravada na lápide com votos de amor, a data da vinda
e da saída… as folhas do Outono, os séculos esquecidos... se não
houver obra nem forma de vida.