INTEMPORAL
Cada várzea
que se aparta de mim, sabe do fim que anda ao desalento num fôlego de ânimo
impaciente, na espera congénita de Deus envolvendo a minha substância em áurea
cadente fantasmagórica. Estou mais perto, daquilo que representa estar às
portas do céu… na tentativa transversal que a intuição do nada passado em nada
altera, e mesmo imaginando o que me espera, não sinto falta do que haja, ou
como muitos dizem ter receio da partida, perdida que é a visão na Terra e da
vida por cá nunca mais voltar… se aflija.
Daqui a uns
milénios serei eterno, espalhando o alento nos becos e o odor das nuvens por
cima da necrópole… falando de algo constituinte do oxigénio, ou de
partículas da minha presença perdidas no tempo.
Nem Ele será
sempre desconhecido mistério que ninguém esquece…
Nem além O
viu ninguém nunca vivo, porque quer.
Mas
recordado como lenda, vão contar que fui inventado por nunca ser falado; não
deixar rasto como existência e andar como judas nas palavras dum livro, quando
a revelação da escrita é do meu espírito.
Eu tento
seguir a senda divina, não sou impostor.
É o que nos
ensina a vida, e o amor.
Quando
partir... terá que dar visibilidade da minha chegada, porque há muito não creio
que Ele exista sobre a forma falsa dos homens.
E só escrevo
o Seu nome com maiúsculas, em respeito às pessoas sérias e com postura, porque
eu não acredito só porque dizem, ou afianço quando não digo… ajuízem ou se
digam sinceras.
Deus queira
que Deus exista como Deus todos os segundos… e seja Deus não só da Terra, mas de todos os mundos.
Se houver
outras raças no Universo e o Deus for diferente do nosso… como
explicarão os fariseus aqui tão perto, este mistério tão antagónico?
Que sejam simples
e límpidos como a água, se não… há algo turvo e imperfeito.
Beber o
logro da fonte envenenada e jorrar os bofes pela mão… Deus não queira!
Ainda que a
minha vã cobiça de pensar ande hipnotizada, o meu coração que é de barro,
pode-se quebrar; por vezes até de lata… tão fácil de levar.
Perdoem-me
os da fé contida.
Mas pensar
não é pecado.
É um acto
livre espontaneamente exacto, é o expoente máximo da liberdade.
É ser
criativo nesse acto sublime que é vida penetrante ser da humanidade, Criação,
entes… gene pessoal
humano, micro da
nossa mente, íntimo sagrado não profano.
É tão bom
ser, não são outros… seremos heróis ou loucos… mas somos.
Como deuses
colhamos os louros.
Sentado
também penso.
Como um
Tirano da realeza, uso a caneta como ceptro e também sonho com a riqueza…
Meditando
cogito cuidando que Deus é a minha alma de cara lavada, e Deus sou
eu pensando.