EU SOU UM LIVRO ABERTO
Eu sou um livro aberto.
Pensa, quem entende inscrições de mim encoberto, nascendo letras em talhe
de flores, como o milagre sarando todas as dores.
Tenho o título fantasma numa capa sem páginas e umas nativas palavras...
que podem ser lidas por todos aqueles que usam o coração com amor, e são
príncipes e princesas filhos simples do povo sem distinção.
Eu sou um livro aberto.
Lá, vem a história do início… igual a tantas outras, pegado pelos pés de
cabecita para baixo, com uma palmada no rabito dum ser que veio à Terra, mal
abriu os olhos… em vez do choro o grito do poeta:
Eu quero ver o Mundo!
De pernas pró ar!
A Terra, debaixo, fecundo!
E por cima o mar.
Assim sou eu, o contrário trocado entre humanos, diferente dos sexos, entre
almas de judeus… meu corpo nega o vazio abençoado e a contradição do espírito
perdido.
Aberto sou
um livro.
Sem páginas,
tenho o título… e a marca são destinos na minha capa.
O timbre da
escrita esbranquiçado usa tinta de algo dourado, apenas visível ao toque da
vara do mago, embora legível a gentes de todo o Império, são segredos que podem
ser desvendados sem mistério.
Por isso…
Eu sou um livro aberto.
Aberto, sou
um livro.
Pensa quem me conhece de perto.
E as páginas escritas em verso, estão espalhadas na areia do meu deserto.
/Acordo de manhã com os pés na cabeceira e a cabeça no fundo da cama
sonhando a noite inteira.../
Eu sou um trovador no oásis das minhas palavras, a única coisa certa são as
minhas letras amadas.
Cada grão que goteja por entre dedos, são as letras do meu sangue vertendo
lágrimas… fluindo locuções de amante, que atulham a cobertura de aparições
letradas em recordações de memórias gravadas.
Sem o meu livro aberto, o corpo vai nu desfolhando meus pensamentos com a dor do homem sincero, sentindo folhas invisíveis de sentimentos, espalhadas no ventre das minhas vísceras por entre odores transparentes, afogando todos os parasitas que querem contaminar a vida da alma, sânscrito e pura.
Sem o meu livro aberto, o corpo vai nu desfolhando meus pensamentos com a dor do homem sincero, sentindo folhas invisíveis de sentimentos, espalhadas no ventre das minhas vísceras por entre odores transparentes, afogando todos os parasitas que querem contaminar a vida da alma, sânscrito e pura.
Eu sou um livro aberto.
Quem me abre…
Pensa que me reconhece, mas o que sabe não dá por nada, esquece.
E nasce o título na companhia de desenhos incrustados de flores e rendados a ouro, a sonhar nas nuvens com o sonho no mundo do meu livro aberto, ensinando os homens a serem sonhadores, e as mulheres de peito descoberto amamentando como musas os jardins da Terra.
E nasce o título na companhia de desenhos incrustados de flores e rendados a ouro, a sonhar nas nuvens com o sonho no mundo do meu livro aberto, ensinando os homens a serem sonhadores, e as mulheres de peito descoberto amamentando como musas os jardins da Terra.
Vagueando em parte incerta, sondando as trevas de meus escombros, vou
sonhando como um triste sentimental, escondendo nas sombras pontas soltas que
eu transporto aos ombros... como um zombie pateta.
/E o volume inconclusivo, folhas dobradas pelo encanto, se tornam
amadas num santuário sagrado como a obra mais redentora que os homens esquecem,
e eu venero, porque encetado… sou uma qualquer historia, de um livro qualquer
aberto./