ATENÇÃO - Com um início um pouco apimentado
e vocabulário vernáculo, para quem não gosta… não aconselho que leia.
ANÁLOGO
*
CATÁLOGO DO JUDEU
*
ANÁLOGO
Mas ao poeta
Pessoa…
O Livro do
Desassossego?
A minha
Bíblia…
onde apreendo
e redijo miragens
espécimes de
cravo e trevo,
tantas
noites de viagens!
… sonhos da
vida..
…
Calcorreando margens desfolhadas, eu nem me atrevo, descrevendo maravilhas como
um livro cheio de segredos, amálgama de sentidos que me fazem viver pela noite
dentro mundos vividos, com espíritos de outras vidas…
… Amando palavras
sentidas que não me deixam dormir, enquanto não tragar todas as aprendidas
ideias que tenho de consumir, como se estivesse na cidade santa de Jerusalém
adorando todas as estrelas de Belém.
Tantos
escritos espalhados por organizar, com inscrições desalinhadas à vista
desarmada, beleza rara do sentimento que a frase adorna, chocalha, e embala
corações como primogénito das letras em orações, qual Livro tão grande se lhe
compara, enorme grandeza debaixo de sua fantasmagórica capa, o retrato de seu rosto
e bengala…
Que génio!
Seu nome me
soa…
Completa…
Sua alma me
inquieta,
gémeo!
De
Lisboa.
Seu livro
provoca desconcertados movimentos, atropelando minha inteligência…
Transgredindo,
peca à sua beira de pouca ciência.
Comparando
meus registos numa sonolência com altos e baixos, junto páginas que me parecem
estampas sem nexo, com uma sensaboria que me parecem impressões no deserto, tal
é o vazio da minha vida.
Sinto a sua
diferença, porque seu enorme talento é uma ponte ao pé da minha escadaria,
tropeço tantas vezes nos degraus de meus erros… que sou análogo à minha imagem.
Minhas parecenças estão comigo mesmo, e os pensamentos olham no interior de mim
como me conheço, e vejo para fora outras coisas que são de dentro, e todas elas
diferentes, são sempre as mesmas.
"ANÁLOGO"
Não há
ninguém dos meus
que me diga
para onde vou.
Se tudo
assim quer Deus?
Assim é de
quem eu sou.
Mas um dia…
Zás! – Pensei.
E a maneira
de ser eu
Ao ler
Fernando Pessoa… chorei.
E Deus? Não
lhe apeteceu.
Assim, ao
Pessoa que tanto deu
A mim, que
tanto me ensinou!
A um, Deus
um dia nasceu.
O outro
Deus, se lhe revelou.
ANALOGIA DO DIÁLOGO
EMANUEL - Paizinho, onde está a minha mãe?
YESHU - Partiu quando nasceste Emanuel… agora está no
céu.
EMANUEL - Gostava tanto de a ter
conhecido… sabes, tenho saudades desse afecto que nunca conheci, esse carinho
que é o leite materno em doses de gosto puro que nunca bebi. Ficará sempre um
vazio… e um cantinho guardado no coração quando um dia sorrirmos juntos, será o
reencontro do maior amor do mundo, os laços duma mãe por um filho.
YESHU - Enxuga essas lágrimas meu pequeno adorado,
ela está bem. Lá no alto guia teus passos e te guarda como um anjo, porque essa
é a missão dela… antes de vir à Terra sob a forma mortal, seu corpo ancestral
já era a de um anjo da boa sorte, por isso alegra-te! Ela nunca morre.
Tu um dia, também serás imortal na
sua companhia… e minha alma gémea. Teu destino comandará o Apocalipse para que
não se profetize, escorraçando a Besta para que a humanidade não pereça – Assim
está escrito no Livro da vida.
Já te contei o caso do Filho de Deus
homem que será falado por toda a humanidade?
EMANUEL - Sim… mas é muito triste paizinho. Estremeço
só de pensar no seu sofrimento, uma angústia profunda que a mim se entranha
dentro e nem sequer o conheço… é como sentir o sangue dele percorrer minhas
veias num prolongamento de um coração dividido a meias, em que as fibras dos
batimentos… continuamente fazem de pombo-correio, num tic-tac cá e lá decepando
como um ponteiro, que trabalha como se fosse o Mundo inteiro.
Que nome tem esse ser tão imaculado
de quem nunca ouvi falar e só sabe amar?
YESHU - Para todos, ficará a ser conhecido na
eternidade como Yeshu (Jesus) e é judeu como tu, descendente da casa de Davi.
EMANUEL - Soa bem a qualquer alma… e como contaste…
é um sábio de grande harmonia e calma, de uma beleza ímpar e um grande amigo
protector da natureza, a quem se deve chamar Senhor dos homens e de todos os
viventes no planeta.
YESHU - Sim, ninguém sabe que tem um filho. Sua
descendência ficará para sempre na Terra e poucos saberão o segredo… só os mais
chegados, os que amam verdadeiramente a Deus Pai serão tementes pelo infinito
dos confins, fiéis à ordem da sua luz divina.
EMANUEL - Diz-me paizinho, quem é esse homem tão
misterioso?
YESHU - Sou eu filho, teu pai. O tal homem da
cruz… que morreu para salvar os pecadores. Deus quis que outro fosse no meu
lugar…
EMANUEL – Ó pai! Então não foste tu?
YESHU – Não meu filho. Isto é um segredo meu e teu …
e nunca o poderás contar a ninguém… Para a humanidade morri na cruz, mas na
verdade não era eu que lá estava, mas sim outro meu parente que quis ficar no
meu lugar… pois isso, aconteceu há uns anos, ainda tu não eras do mundo dos
vivos.
EMANUEL – Queres dizer então, que essa historia da
Salvação dos homens é mentira? E se Deus existe, não ficou zangado contigo?
YESHU – Deus existe no meu coração, e a minha fé
continua inabalável. A Deus não
importa quem morreu, mas da forma como morreu, para que a humanidade
acredite na salvação dos homens pelos pecados cometidos.
Tudo se consumou.
A minha descendência és tu meu
filho, e filhos de teus filhos continuarão a verdadeira Obra de Deus, e não as
historias e ganancia dos fariseus… representantes da malícia, mentira e
maldição.
Meu tempo está chegando… terei que
partir, mas estarei sempre contigo.
Abraça-me meu querido.
Abraça-me meu querido.
CATÁLOGO DO JUDEU
Para uns, há os livros com catálogos de origem
Celeste, formados de tomos com volumes que a Providência remete… e porque são
reais ninguém mexe.
Para outros, a mão humana, compõe a leitura dos
trechos numa resma de beijos em rama, os vocábulos que guiam a doutrina a um
camafeu de vontade Divina.
E depois, quantas vezes foi adulterada a Bíblia?
Mas isto, porque é um troço um bocado encíclica… tem
descarga que manda ameixa de quem desconfia, na sua mafiosa teia que é a selva,
tem um gosto fino, o cheiro a merda… de quem é chefe da igreja.
Histórias que só interessam a sacerdotes da casa
Caifás, que ao tempo sentiram ameaçado seu reto lá… purgaram o Mundo numa
criatura de túnica e pés descalços humanos… a quem o seu intestino grosso os
expulsava como fezes do ânus… enfim!
Um bom Samaritano a quem Pilatos lavou as mãos da
acusação de blasfémia, ao mijar na coroa de espinhos do desditoso, e porque
estava na moda dejectos anais de revolta política, os romanos crucificavam aos
milhares judeus que ficavam com icterícia, e depois mais um que importância
tinha?
Qualquer coitado se finava… e lá se ia e não voltava.
Partia, e se vinha… gritava.
Parecia mesmo uma alma penada!
Se fora banal morrer pregado na cruz, era normal tais
modos, o acto muito natural perecer como tordos, quando ainda não tinha sido
inventado o arcabuz e a pólvora… apareciam com o bucho todo cheio de chumbo, de
fórmulas que havia na água imprópria.
… Depois, há sempre um Profeta de nome João a mais…
usando pele de camelo como vestes sacerdotais, e porque era um urso sem pelo e
mal visto, não podia comer os pães da proposição nem a carne dos sacrifícios,
ele foi antes remoer mel silvestre e gafanhotos, para não apanhar uma
indigestão… com tantos arrotos.
… Também havia os filhos de um cocó qualquer que era
Jacó da Judeia, que viviam como cabrestos nas montanhas duns Hebreus libertados
da parvónia saloia da Babilónia… posteriormente catados como hereges de
verdades que fazem suas com o seu Livro escondido, palavras judaicas muito
justas que fazia comichões a muita boa gente das escolas, numa luta que era uma
caça às bruxas de sangue esquisito e cheio de pulgas que apareciam mortas…
quando se coçava o pito.
Nesse tempo, qualquer hebreu se via grego… nem mesmo
ser preto era pior que o nome seu. Pior que a circuncisão… só ficando maneta do
colhão ou entalando a pila como um dedo, enfiando no cú a mão e gritando – sou
judeu!
Daqui, a origem sacerdotal do Prometido, que cogita
sob os Mandamentos da Tábua em chama com odor a cornos queimados… podia ser Rei
segundo a ordem da Tribo.
Contam as Escrituras no cumprimento da profecia… dum
gajo cuja terminologia em “ias” era um tipo às direitas, e tudo que é Livro por
estar escrito viveria em pedras mal feitas.
Segundo mãos que se enfiam e mexem em tudo que havia…
deturparam papiros à medida dos seus desejos pirata, e tanta caca fizeram, que
hoje em dia um cabrão onde esteja… ainda é Papa!
… Aquela fina flor que passa por santa quando se trata
dum grande sacana, ao fazer o sinal da cruz repetido, cruzando os dedos
culpados ao fazer despercebidamente figas… de tanta intrujice como um rabino de
coisas que estão escritas.
Uns e outros num dia com sorte, como o caracol e a
lesma…
À noite traz a morte o lobo homem que inventa…
adorando a imagem do Dragão com marca na fronte e a boca na botija… ganha um
cagalhão Popeye ali à mão com muita ira – sai em pequenas bolinhas, umas
flutuam outras não…
São o anjo e o mal, os dois das Escrituras Sagradas,
tecendo como Satã de gaitas ultrajadas... mas Jesus que nunca pecou, venceu a
vergonha que o diabo em cuecas vestiu fora de época. Salvou a humanidade do
pecado que uma dentada deu nas frutas e apareceu o bicho “miséria” que resultou
em escândalo no mundo das putas.
CONFISSÃO
Se o cónego da minha freguesia sentisse o que eu digo, exclamaria:
- Sacrilégio meu filho!
Por acaso tens o diabo no corpo como
um judeu quando dás uma queca?
Olha que eu já vi por muito menos,
simples pecadores irem pró inferno!
- Perdão Sr. Padre, mas os filhos
saduceus dessas mulheres que também são mães… é que têm o diabo na racha
aberta!
Transformam seus corpos usados numas
pilecas.
Eu sou apenas um arauto da natureza,
igual a todos que sofrem da necessidade que é a fraqueza, para além de ser
feito à mesma imagem do Altíssimo, sou diferente por não ter um harém de
concubinas como um sultão dos céus ou como o Zeus do Olimpo.
( É o que dá, rezar na missa aos
domingos todos juntos… pelas alminhas dos tais diabos… e perdoando o proxeneta
nos feriados, em que a nota preta por ser amor ao desbarato, desabrocha em
broche ao peito com esgar duma careta… é o maior alívio do mundo!... em que o
sujeito pela recompensa paga ao chulo. )
Para bom entendedor que não é besta,
encestar a bola no cesto é como enfiar um preservativo na cabeça... e quem
costuma perdoar numa lengalenga os favores em contratempos das vacas que andam
a pastar lá na igreja?
É o senhor padre e a hóstia que
enfia na língua… como amor seu, culpando sempre a saliva com a frase que
termina no mesmo judeu: - Corpo de Cristo!
Pois perdoa todas as faltas, e até
incita todas as semanas a ir ao confessionário para continuarem a cometer as
mesmas ejaculações, e a dizer que o corpo é que paga das merdas dos crentes que
metem o penetra em seara alheia e fodem tantos “et ceteras”…
Não diga nada Sr. Padre, para a
semana vou-me confessar, serei um arrependido… bem sei, não devia ter dito
isto… mas se disser que o cu do inferno existe!
Nisso acredita, são inimigos seus,
ou o inferno para si é uma rata e uma picha?
Não podem ser amigos? E o Sr. Padre
é composto de que substancia?
Dum esguicho que entrou no buraco…
ou a sua pila não nasceu doutra pila porque era dum ateu… não me diga que a
culpa é mais uma vez do judeu…?
*
Tudo tem um lado da outra
face… análogo.
Algumas
vezes tão poucas, mas únicas no tempo que não volta, perdemos o que queríamos,
amámos com os nossos erros e depois de ter perdido, é que nos apercebemos, não
amávamos o suficiente quando sentia-mos.
Amar muitas
vezes é complexo… temos pensamentos errados da reflexão que fazemos da pessoa
amada – e como o juízo é nosso, somos uns narcisistas inconscientes, amamos o
eu que há em nós próprios conforme as nossas conveniências.
No amor
sexual procuramos o gozo.
No amor diferente do sexual, buscamos um prazer nosso através de um conceito nosso, da nossa errada reflexão.
No amor diferente do sexual, buscamos um prazer nosso através de um conceito nosso, da nossa errada reflexão.
Nunca gostei
muito de falar de mim, fazendo o papel de protagonista, mas se tiver que o
fazer, não me preocupa nem me envergonha se tiver de tagarelar de assuntos que
muitos não se atrevem. E só o faço, porque gosto tanto de escrever como
respirar, não escondo este prazer, nem sequer viver doutro modo, não seria
capaz.
Nunca me
consegui definir a mim próprio, e se tenho alguma ideia, apenas me preocupa o
que vou jantar ou na hora de saída da fábrica, sair e arejar.
Tenho uma
profunda admiração por esse ser maravilhoso que é a mulher.
Sente tudo
profundamente, e leva muito a sério a amizade, sentimento que muito prezo.
Então, sou daqueles que tenho a impressão que sou amado pelas mulheres à
distancia… e quando inventam nunca me reconhecem, e se reconhecem nunca me
aceitam. É aquela historia de ter um porquinho como animal de estimação, e
alimentá-lo com bacon… ignorando o canibalismo e o amor dele.
Outras
vezes, surpreendem e excedem as minhas expectativas com gratidão da minha
parte, e um sorriso imenso cativando a alma atrás dumas grades…
Também se
queres ser odiado, escolhe um homem que é mais fácil de sobreviveres. Uma
mulher como inimigo, é meio caminho para a não-existência, por isso, não
aconselho; mulher é para amar… e fazer todas as vontades.
E claro, se
é mesmo teu amigo, é o melhor amigo do mundo!
Defende-te
com unhas e dentes, de tal maneira, que quem se atravessar fica espalmado e
esticadinho na linha férrea por um comboio como um catrapilas.
Análogo… todos temos o
outro lado da face.
Vivendo
dentro do sonho, sonho dentro da vida e nunca acordo porque nunca durmo. Assim,
minha consciência vai passando imagens ininterruptas, umas de seres que existem
na estrada, outras que são fantasmas das nuvens… e nunca sei se durmo acordado
quando vou sonhando ou se sonho desperto quando adormeço… nunca sei diferenciar
uma coisa da outra, numa vida que não distingue, se vive sonhando ou acordado.
O sono alimenta as duas partes da alma, vive quando está dormindo com coisas passadas que parecem reais, e coisas reais que passam na vida com sono.
Atingimos dimensões que noutros casos não existiriam com tanta realidade, porque na fusão do sono falamos com Deus, Fernando Pessoa ou D. Afonso Henriques… ele nos coloca em posições paralelas à mesma hora no mesmo tempo do passado ou presente, tal é o elixir do sono que nos devolve a magia em plano de igualdade, transformando a fantasia que é real na realidade.
O sono alimenta as duas partes da alma, vive quando está dormindo com coisas passadas que parecem reais, e coisas reais que passam na vida com sono.
Atingimos dimensões que noutros casos não existiriam com tanta realidade, porque na fusão do sono falamos com Deus, Fernando Pessoa ou D. Afonso Henriques… ele nos coloca em posições paralelas à mesma hora no mesmo tempo do passado ou presente, tal é o elixir do sono que nos devolve a magia em plano de igualdade, transformando a fantasia que é real na realidade.
Percorrendo
linhas de penumbra que me parecem abstratos, vividas em pensamentos ou obtidas
nas sensações dos sentimentos que são reais, não tardam nada passarem como
fantasias da sombra que sou na vida, sombra que caminha ao meu lado e é gémea
de meus passos, mas diferente da meia-luz que ilumina uma falsa alma.
Convictamente
será necessário reduzir o espírito a uma matéria verdadeira onde caiba num
espaço existente, para que possamos com exactidão o que é irreal materialmente
dentro do poder das nossas sensações, serem dois estados ambos mutáveis, e
existencialmente fluidos vitais da vida, serem igualmente reais.
Toda alma necessita… é
análoga.
Toda a alma diz que precisa... se a colocar como
"sujeito",
no modo pessoal facilmente carente, dirá:
- Eu preciso das promessas, para continuar a expelir,
criar o nascer da força que não existe…
criar o nascer da força que não existe…
- Eu preciso de sentir o pulsar do mundo,
equilibrar o modo de viver.
- Eu preciso de acabar com a guerra!
Onde há ódio, há morte e misérias…
- Eu preciso mudar a inveja!
A maledicência e a falsidade por serem sinónimos do
mal...
- Eu preciso!
Quero revelar-me, substituir-me… ter asas na terra,
cumprir a missão do destino, ser o início…
e ter a salvação da gente na mão… igual a Deus para sempre.
cumprir a missão do destino, ser o início…
e ter a salvação da gente na mão… igual a Deus para sempre.
- Eu preciso!
Combater as imperfeições que existem dentro de mim,
ser do espelho da humanidade,
mudar o humano que há em nós,
preciso de caminhar por cima das nuvens ao lado da paz,
como uma pomba de asas abertas,
sarar as feridas do mundo.
ser do espelho da humanidade,
mudar o humano que há em nós,
preciso de caminhar por cima das nuvens ao lado da paz,
como uma pomba de asas abertas,
sarar as feridas do mundo.
- Eu preciso reinventar-me!
Transformar a energia em génio,
experimentar a matéria,
ter um corpo independente,
renovar a imitação,
ser um novo robô espiritual,
inventar a criação na fábrica da Divindade.
experimentar a matéria,
ter um corpo independente,
renovar a imitação,
ser um novo robô espiritual,
inventar a criação na fábrica da Divindade.
Ser um
fantasma de bata, que olha por onde não passa… espectro que se reflecte em meus
olhos doutros olhares em portfólio, estranhos quando se cruzam no passo de
almas, recordam passados de outrora que passam e não voltam...
Sou como
Deus!
Refletindo-me
no espelho Dele, vejo seu espírito fora de meu corpo,
nas chagas
de toda uma vida, em carne de marcas apodrecida.
Se um dia
vou morrer, deixo de ter forma…
Quando um
dia partir, desaparecer da minha vida.
Diferente,
não ressuscito, mas ao deixar de viver, sou como eu!
Filósofo
Imortal, que melhor poder existe?
Ninguém sabe
quem é quem o tal…
Alguém viu
Deus triste?
Eu digo-lhe
todos os dias adeus…
Ele responde
com um sorriso…
Será Deus
divertido?
Tudo o que passa, mesmo o que não passa é… análogo.
São olhos de
outros olhares que não quero /sorriso de compaixão sincero/, porque sou
sofredor poético resistente, derivado de antigas reminiscências, por isso
renego comiseração apocalíptica, raios que partam doutra vida – que dêem cabo
da paciência.
Os ponteiros
marcam a hora pela noite fora… e eu não sinto o vento nem a calma.
O que passa,
passa!
Numa densa
noite de nevoeiro, rastos que rasgam mantos de fumos inteiros, desaparecem no
vislumbre negro da imagem como fantasmas que passam…
Passado
leva-o o tempo, mas as dores que são dor não passam… e os passos de marca
decadente que se querem dissipados, sempre que lembram da volta, repassam em
movimentos circulares como gravação de pensamentos que recordam sempre os
mesmos momentos passados.
Pássaros de
asas feridas voam ao redor e saltam, comem migalhas sofridas, e exangues comigo
– matam!
Mas o que
morre são situações de lugares e de gentes que vivem à espera de eu voltar.
Meu estado
de alma é uma réstia, réstia do passado que se repetirá noutros tempos… verto
uma gota sempre, quase sempre! Quando a saudade mata e não passa.
A dor volta
como uma presa relembrando o envelhecimento que é sempre presente. É um vazio
sem sentido, indefeso para além do vício, é um estar sem estar sabendo,
perpétuo na idade sem começo.
Tenho dor de
alma tão rudemente imensa… não tenho grande falta nem cansa quem assim pensa.
Tenho dor de
alma tão profundamente intensa… sombra que passa tensa, espinhosa quanto basta
- marcadamente desgasta, e nem sempre é amor ou terror quando passa.
Quero pensar
ao escrever e sinto um coração em doença, um toque estridente no bater, de algo
que marca e não pensa e sei de cor o que estou a ler… sou o destino que passa.