A ESPERA
Alguém sabe
o que é sair de casa com 11 primaveras para ir estudar num colégio interno, vivendo
mil esperas, ficar enclausurado durante outros cinco anos, viver numa prisão
que é o inferno?
Vivemos o
tempo como se fora dos moiros fechados num castelo, alimentados com arroz e
porrada… tendo a espada como martelo e a dureza de ser caloiro, andando com uma
coroa e os espinhos de um judas mal amado.
Ficamos por
nossa conta… sobreviver à sombra de quem é mais forte, sonhamos vir embora a
toda a hora à espera de uma qualquer sorte, que nos batam à porta… caramba!
Como uma
espécie de lotaria sem engano, noite e dia durante a semana, todo o ano.
Somos
possuídos de uma tal coragem que nós próprios ficamos admirados com tanto
sangue frio, uma revolta interior que parece adormecida… produto da violência
que nos moldou, um coração gélido e duro mas não insensível, se a parte
intocável que há dentro de nós não se quebrar…
Espero a
hora do recreio, o fim da aula, a hora de jantar, horas incontáveis, esperas
intermináveis, a hora de dormir, sonhar… acordar em casa.
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