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sábado, 4 de agosto de 2007

DEDOS NA CALÇADA DO ROSSIO







DEDOS NA CALÇADA 
DO ROSSIO





No Terminal do Rossio à hora de ponta
é um galgar de gentes cruzadas

Em pés com a cabeça tonta
entre dedos da mente cheia de asas.

…É pessoas a entrar!
 É pessoas a sair!
É pessoas a descer!
É pessoas a subir!
É pessoas a correr!
É pessoas a tropeçar!
É pessoas a sorrir!
É pessoas a tremer!
É pessoas a transpirar!
É pessoas a tossir!
É pessoas a empurrar!

São pessoas que não querem falar!
São pessoas que querem chegar!

São pessoas que querem fugir!

É o stress dos passos
na sua mímica de palhaços.

 Desviando o olhar…
Vi ondas sem mar
vi pés de formas exactas
são tantas patolas!
Dir-se-ia trocas e baldrocas
a Disneylândia das patas.

Não vi tamancos e socas
vi o cano das peles!
Vi a sola das botas!
Vi sapatilhas reles!
E sandálias com presilhas tortas.

O passado dos passos…

Esses, a um dado ápice, ido
no flash do olhar,
o calçado da gente a trotar
pela câmara do espírito

O sonho nos passos…

---

E um passo que é outro passo
outro, mais um, mais e mais!
Um outro, passo a passo…

Um e outro de cada vez
um cada, cada um!
Em marcação, de compasso…
Uns outros, e outros mais!

Passo entre passo
batendo o tom
soando o som
repetindo o dom
que som não é!

Mas passos.

Passinhos, passões, passadas!
Conforme os passos das pernas
ou as perninhas dos passos.

Um é!
Ainda até.

Outro de certeza,
Não é!

O pé do nu no nu do pé
numa bota que é bota
que outra bota não é…

Mas passos!

Uns e outros
um cada… e cada um!
Tudo isto eu vi
no meio dentre tantos!

Num só!

Único!

Um passo.









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