DEDOS NA CALÇADA
DO ROSSIO
No Terminal do Rossio à hora de ponta
é um galgar de gentes cruzadas
Em pés com a cabeça tonta
entre dedos da mente cheia de asas.
…É pessoas a entrar!
É pessoas a sair!
É pessoas a descer!
É pessoas a subir!
É pessoas a correr!
É pessoas a tropeçar!
É pessoas a sorrir!
É pessoas a tremer!
É pessoas a transpirar!
É pessoas a tossir!
É pessoas a empurrar!
São pessoas que não querem falar!
São pessoas que querem chegar!
São pessoas que querem fugir!
É o stress dos passos
na sua mímica de palhaços.
Desviando o olhar…
Vi ondas sem mar
vi pés de formas exactas
são tantas patolas!
Dir-se-ia trocas e baldrocas
a Disneylândia das patas.
Não vi tamancos e socas
vi o cano das peles!
Vi a sola das botas!
Vi sapatilhas reles!
E sandálias com presilhas tortas.
O passado dos passos…
Esses, a um dado ápice, ido
no flash do olhar,
o calçado da gente a trotar
pela câmara do espírito
O sonho nos passos…
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E um passo que é outro passo
outro, mais um, mais e mais!
Um outro, passo a passo…
Um e outro de cada vez
um cada, cada um!
Em marcação, de compasso…
Uns outros, e outros mais!
Passo entre passo
batendo o tom
soando o som
repetindo o dom
que som não é!
Mas passos.
Passinhos, passões, passadas!
Conforme os passos das pernas
ou as perninhas dos passos.
Um é!
Ainda até.
Outro de certeza,
Não é!
O pé do nu no nu do pé
numa bota que é bota
que outra bota não é…
Mas passos!
Uns e outros
um cada… e cada um!
Tudo isto eu vi
no meio dentre tantos!
Num só!
Único!
Um passo.
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