/ANO DE 1977 - PORTO ALTO/
SUBESTAÇÃO DO PORTO ALTO
Cheguei a este Bairro, vindo de Santarém, e
apesar de ser uma mini aldeia com jardins, árvores de fruto e nove famílias… um
mini paraíso naquele silencioso Verão de Agosto… o vazio angustiante que já
existia originário algures na partida de Foz Côa, nesse dia dessa nova chegada,
senti dentro de mim esse espectro que eram aquelas montanhas e amendoeiras
floridas, o leito do rio Côa, cama eterna da minha alma, e o perfume da terra
que tantas vezes deixei cair por entre os dedos, sentindo-a na pele como o sal
da vida, que dava existência aos batimentos do meu coração.
Cada chegada é o novo começo de uma nova partida, o sentimento de uma nova paixão, a saudade no olhar de um novo apartar, amar com a mesma vontade as ondas do mar em cultos do amor em prazeres sem fim, porque a chegada e a partida são os lugares da minha terra, é a minha vida.
E eu
continuava a viver de recordações, de pesadelos no sono, de paragens
existenciais vivendo e morrendo vezes sem conta…
E eu vivo porque tenho a esperança de um dia regressar à minha casa em forma de cruz e soltar meu corpo pregado naquelas tábuas, acabar com as saudades ao voltar à terra onde estão as gentes do presente e as vozes dos que já são passado, poder falar em silêncio com as almas e recordar com os vivos o amor que nunca nos tem abandonado, e poder gritar a Deus que nesse dia estarei em paz e preparado para partir, que me encontro no lugar donde nunca devia ter saído.
E eu vivo porque tenho a esperança de um dia regressar à minha casa em forma de cruz e soltar meu corpo pregado naquelas tábuas, acabar com as saudades ao voltar à terra onde estão as gentes do presente e as vozes dos que já são passado, poder falar em silêncio com as almas e recordar com os vivos o amor que nunca nos tem abandonado, e poder gritar a Deus que nesse dia estarei em paz e preparado para partir, que me encontro no lugar donde nunca devia ter saído.
*
Eram
dez famílias e os mais novos eram levados na carrinha para o liceu de Vila
Franca de Xira e as senhoras iam às compras conduzidas pelo meu pai que era o
motorista.
Todos
os funcionários tinham lá casa, uma horta com cebolas, batatas, alhos, alfaces,
morangos, couves, uvas, etc, todo o ano, e um recinto para criação de frangos,
patos, coelhos, pombos, uma cantina com bens essenciais, um bar, uma sala de
jogos (ping-pong, matraquilhos, damas, xadrez, cartas etc), e ainda uma
biblioteca e uma piscina. Dentro do próprio bairro tinha dezenas de laranjeiras
(baía), limoeiros, maçãs reinetas, e um damasqueiro gigante.
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